segunda-feira, 25 de junho de 2007

Travessia Itapiroca/Cerro Verde/Camapuã/Tucum (Relato de Jorge Soto)

Segue abaixo um relato fiel da presepad.. ops, travessia por serras paranaenses neste ultimo feriado. De 07/06/07 a 10/06/07.
 
TUCUM-ITAPIROCA, A "PETERÊ" DO PARANÁ
Há quem ache q aventurar-se por serras paranaenses seja apenas subir o ponto culminante do estado, o PP (Pico Paraná). Ledo engano; atingir o cume do ilustre pico é lugar comum dentre as 3 grandes travessias q a "Cordilheira" do Ibitiraquire oferece à quem busca caminhadas selvagens menos conhecidas.
Clássica entre montanhistas do sul, encaramos em 4 dias a Tucum-Itapiroca, travessia pela crista paralela q deriva do PP e q percorre os ptos mais elevados do Paraná: Itapiroca, Cerro Verde, Tucum e Camapuam, todos acima dos 1600m. Tao puxada qto a "Maringuaré" e c/ horizontes q não devem nada à "Peterê", a pernada nos brindou c/ um misto de fortes emoções, perrengues (c/ direito ate resgate!), sempre acompanhados por uma privilegiada vista do litoral paranaense e, logicamente, do PP.

CHEGANDO NO DILSON
Não deu nem 3 meses q havíamos estado lá q as montanhas do Ibitiraquire tornavam a nos chamar em tom prazerosamente desafiador. Assim sendo, nos juntamos em 3 frontes, as 4 da madruga, diante do Shop Butantã p/ partir rumo à Régis Bittencourt: Eu e a Myrna, da Z. Oeste; Alessandro "Lion Man", Serjao e Zé Carlos, de Guarulhos; e Ângelo, a Rê, Paulinho e a "bochechuda" Glau, da Z. Sul e além. Estes 3 últimos em sua 1ª travessia selvagem. A viagem transcorreu sem nenhuma intercedência, não fosse o detalhe da paisagem medonha do grande numero de veículos capotados à beira de estrada (mau pressagio?), mas q ao entrar nos domínios do PE Jacupiranga nos brinda com vistas mais amenas, ao menos p/ quem não foi dormindo. Após rápido pit-stop no Tio Doca, as 9:30 chegamos na Faz. Paraná, onde havia um movimento intenso de turistas por conta do feriado. Arrumamos as coisas, alongamos e deixamos c/ o Dílson nossos registros, alem da chave de um dos veículos (p/ q ele enviasse alguém nos resgatar, no final) p/, finalmente, colocarmos pé-na-trilha as 10:40hrs!

PRO ALTO DO ITAPIROCA
Assim sendo, tomamos a picada do lado do estacionamento rumo o PP, marcada por fitas brancas, onde subimos inicialmente uma bela floresta, ganhando altura aos poucos. Por conta do grupo tão heterogêneo, nosso ritmo foi bem tranqüilo e sem pressa. As 11hrs entramos nos domínios das matacões de samambaias ate alcançar a Pedra do Grito, onde tivemos nosso 1º pit-stop oficial p/ apreciar a primeira das largas vistas que se seguiriam; o céu estava desprovido de nuvens e o sol já começava a castigar nossos semblantes encharcados de suor, já q não havia brisa alguma q nos brindasse c/ seu bem-vindo frescor. Galgando lentamente degraus em meio a altos arbustos, as 12:30 passamos pelo Lago Morto, assim como c/ vários jovens, q iam e voltavam ao PP apenas pelo dia. Saímos da mata as 13hrs, agora p/ andar no descampado de capim e rocha q caracteriza o Getulio, onde paramos novamente, desta vez p/ beliscar algo e apreciar o visu do espelho d´agua da Represa de Capivari refletindo o céu azul, a noroeste; alem dos enormes maciços q antecedem o PP: o Ferraria, Taipabuçu, Caratuva, e Itapiroca, à sudeste. As 14hrs adentramos por fim em densa mata atlântica, na base do Caratuva, carinhosamente chamada de Floresta Encantada, onde a picada contorna a montanha pela direita. Logo no inicio há uma bifurcação: p/ esquerda, c/ fitas amarelas, sobe-se o Caratuva; já pra direita, c/ fitas brancas, vamos p/ PP. Se nosso ritmo já era lento, aqui então o passo "lesma-com-preguica" tornou-se regra por conta das inúmeras escalaminhadas, q nos obrigam a usar tanto braços, pés e algumas cordas ou escadinhas disponíveis em locais de maior inclinação! Sem contar no cuidado p/ transpor o emaranhado de ardilosas raízes brotando do chão e troncos caídos cruzando o caminho.
Apesar da lentidão, todos seguiram firmes e fortes, embora ligeiramente distanciados, principalmente a Rê, que mesmo tendo dificuldades superou os obstáculos c/ determinação, sempre c/ a ajuda do seu anjo-da-guarda Paulinho. 40min após entrar na floresta, chegamos na "Bica", um cano encravado na rocha despejando água fresca, onde enchemos todos os cantis q dispúnhamos, lógico! Retomada a escalaminhada, notamos q íamos ganhando rapidamente altitude pelas pequenas frestas na mata, q descortinavam altos visus ao redor ate que as 15:30 chegamos na famosa bifurcação q marca o selado entre o Caratuva e Itapiroca, na qual tomamos àquela marcada por fitas vermelhas (direita), isto é, aquela q nos levaria ao destino daquele dia, o Itapipoca. A picada parece se estreitar mais e o mato torna-se mais denso, se enroscando nas saliências das mochilas, embora a declividade continuasse a mesma.
Mesmo assim, subindo vagarosamente "degraus de raízes salientes" pelo resto do percurso, as 16:30 saímos enfim no aberto, ou seja, os campos de altitude q marcam os 1805m do topo do Itapiroca. Muito capim fofo e matacões de caratuvas (aquele capim rabo-de-gato) dançando ao vento dividem espaço com algumas rochas maiores que pipocam aqui e ali (servindo de alguma proteção), são a paisagem recorrente deste amplo e belo cume. Já havia 2 barracas de um povo de P. Grossa, mas não tivemos problemas em acomodar as nossas em clareiras bem protegidas, separadas em dois grupos não muito distantes. O vento tava forte e esfriou rapidamente o corpo, nos obrigando a vestir agasalhos imediatamente. A Glau e a Myrna q o digam, pois se encapotaram por completo! O visu à leste da crista e maciço do PP é impressionante, assim como do maravilhoso crepúsculo q se seguiu, com o astro-rei colorindo o firmamento de tons rubro-alaranjados antes de pousar no horizonte, a oeste, na mesma direção q cai abruptamente um espigão menor da Serra do Caratuva.
Com a luz natural indo embora e cedendo lugar a um céu noturno de brigadeiro impar, não nos restou alternativa senão preparar a janta, na qual tivemos alguma dificuldade por conta do forte vento q soprava. O Paulinho quase chamusca a mata ao largar o fogareiro acesso no meio das caratuvas, apenas p/ Ângelo filar boa parte da bóia preparada. Depois disso, cansados e exaustos, nos resignamos a entrar nas barracas e descansar merecidamente enfiados nos nossos acolhedores "casulos". De noite ventou muito, c/ fortes rafagas sacudindo as barracas, mas nada q bons specs não resolvessem. Fora isso, a lua iluminou todo o topo, reluzindo o capim em tons dourados, e a rocha em tons prateados, um visu q gratificava c/ bonificação a árdua subida ate ali.

PELA FINA CRISTA AO CERRO VERDE
Sexta-feira levantamos assim q começou a clarear, as 6hrs, e tomamos café p/ logo depois arrumar as coisas. Mas não sem antes apreciar calmamente a bela alvorada q se seguiu sobre um mar de nuvens, lançando os primeiros raios do sol sobre os paredões rochosos laterais de 1965m do PP. Saímos às 9:15, subindo suavemente entre arbustos um último cocoruto do largo cume, q era na verdade o topo real dali, e onde uma caixinha metálica (grudada na pedra) guardava as impressões no livro de cume. Dali vemos q a estreita crista do Itapiroca desce p/ sudeste até um vale de conexão p/ Cerro Verde, e é p/ lá q temos de ir. A trilha, embora discreta, é evidente por conta das fitas vermelhas dispostas estrategicamente; basta procurar, até pq é uma picada bem menos utilizada, ou seja, a mata está mais fechada, e galhos ou bambuzinhos teimam em se enroscar em qualquer saliência das mochilas, atrasando o avanço. Perdendo altura rapidamente, entramos numa florestinha baixa, e por um bom tempo descemos na base da escalaminhada, nos agarrando a raízes e troncos de árvores disponíveis. Ao sair no aberto, mais cautela ao andar entre o capinzal pq a trilha fica escorregadia por conta de alguns lamaçais. Às 11:30 a crista dobra abruptamente p/ sudoeste, adentrando noutra floresta de vegetação mais densa, onde bromélias suspensas ornam os galhos de todo arvoredo. Ao encontrar, ao meio dia, uma precária bica na encosta à beira da trilha, temos a 1ª pausa do dia, ate pq devíamos repor todos os cantis. Após o breve descanso, continuamos descendo significativamente cruzando apenas c/ um simpático casal, q foi a única presença humana naquele dia. As 13:30 alcançamos o fundo do vale e tem inicio, por meio de degraus irregulares de raízes, a ascensão gradativa da encosta (oeste), repleta de túneis de bambus, do Cerro Verde. Após pausa do lado de uma greta enorme, a trilha atravessa uma floresta de bromélias enormes (q mais parecem espadas de S. Jorge!) pelas quais ninguém sai ileso, ora espetados ou arranhados em braços e pernas.
Saímos, às 14:30, num amplo platô descampado de capim, no qual caminhar torna-se mais ameno, ate chegar num fiapo de floresta onde há água pura correndo, porem em doses mirradas, formando algumas poças nas quais é possível coletar pacientemente o precioso liquido. Daqui vem o ataque final ao cume, onde a trilha torna-se mais íngreme e no aberto. A esta altura estamos todos cansados e o sol esbofeteia nossa cara apenas p/ retardar o passo geral. Mas com garra e determinação, as 15:30, atingimos os 1653m do alto do Cerro Verde, onde jogamos as mochilas num pequeno descampado de capim p/
explorar o cume propriamente dito, um pouco mais acima, onde há tb a caixinha c/ livro de cume encravada na pedra. A vista p/ leste nos brinda c/ um tapete alvo de nuvens cobrindo td litoral paranaense! Já p/ nordeste e oeste, largas vistas privilegiadas do PP e da face rochosa leste do enorme Tucum; e à sudeste, uma crista acidentada q deriva da principal nos leva ao Taquapiroca, o Luar e ao cobiçado Ciririca, mas esta é aventura p/ outra ocasião. Após um tempo merecido de contemplação, armamos as barracas sem brisa alguma. No topo do Cerro cabem 3 barracas, e foi onde o Ângelo, Zé Carlos, Alessandro e Serjao ficaram. O restante permaneceu no descampado de capim logo abaixo, onde jogamos as mochilas ao chegar. Após novo pôr-do-sol espetacular preparamos a janta assim q o céu tingiu-se de azul escuro, salpicado de zilhões de estrelas e, por conta do cansaço acumulado, fomos dormir logo na seqüência. Apenas a Myrna q foi visitar os meninos mais tarde, q ficaram observando o firmamento à procura de óvnis, satélites ou sei-la-o-quê... Entretanto, da mesma forma q a anterior, a noite fora iluminada por uma bela lua, com a diferença q desta vez não ventou nada.

VARA-MATO E PERRENGUE NA SUBIDA DO TUCUM
Levantamos assim q o sol nasceu e enquanto deixamos as coisas secarem por conta do orvalho, tomamos nosso desjejum observando a imponente montanha q nos aguardava, o Tucum. Assim q a mochila engoliu nossos pertences, partimos pontualmente as 9:30; porem ao invés de tomar a trilha p/ o Tucum, voltamos à bifurcação q nos levava ao ultimo pto de água. Como bons cavalheiros, fomos c/ mochilas leves ao pto de água do dia anterior enquanto o resto aguardava. Desta vez descer a piramba não custou nada e em 5min chegávamos as matacões de bromélias e, em seguida, às poças de água, onde enchemos todos as garrafas possíveis, pois as infos davam conta q no topo do Tucum é totalmente seco. Retornamos à bifurcação e, todos juntos, iniciamos oficialmente a pernada do dia. A trilha (bem discreta) sai do capinzal, à direita da trilha q sobe o Cerro Verde (leste), bordeja um pequeno morrinho e começa a descer suavemente a crista q vai em direção ao Taquapiroca e ao Luar (sul), através de arbustos medianos, paralelamente ao vale q devíamos descer p/ começar subida ao Tucum. E aqui q começou a confusão. Notando q a trilha descia indefinidamente p/ esquerda (sul) e não p/ o vale na base do Tucum (leste) desconfiamos q a trilha certa nos passara desapercebida. Enquanto o pessoal
descansava, eu e o Ângelo fomos perscrutar o terreno na busca da dita trilha, descendo boa parte daquela crista, sem sucesso. Caramba, e agora? Como não achamos a dita cuja, deduzimos q não era por ali e voltamos com td mundo até o morrinho próximo do Tucum, onde outra vez buscamos a maldita trilha. Não era a toa q ali é chamado o "Vale dos Perdidos", pq tem trilha p/ td lado. Voltamos ate a bifurcação da água, na esperança de observar do alto alguma picada descendo direto ao vale (pela direita) e nada. E o tempo passando.. Bem, na falta de opção não nos restou alternativa: traçar uma linha imaginaria ate a base do Tucum (onde podíamos ver perfeitamente a trilha subindo seus paredões ate o topo) e varar-mato, por alguma crista q se mostrasse + próxima, ate chegar ate ela. Começamos o vara-mato do lado do morrinho próximo do Tucum, ao meio-dia, descendo suavemente através de arbustos inicialmente fáceis de transpor, mas q depois se tornaram um emaranhado árduo de avançar. Eu, Ângelo, Alessandro, Zé Carlos e Sergio nos revezávamos na dianteira, pois abrir terreno cansa pacas, enquanto as meninas iam atrás apenas avançando na "avenida" q íamos abrindo. Logo nos encontramos numa canaleta entre duas cristas, em meio à mata fechada e onde muito cipó tornava lento demais nosso avanço. Resolvemos subir à crista através da curta encosta p/ direita. Pra que? A crista estava apinhada de bromélias enormes e voçorocas de bambus, onde p/ avançar pouco demorava um tempão, e ainda assim se saía td furado, arranhado ou repleto de espinhos na mão. Tentamos seguir pela crista, porem desviando dos trechos mais punks, mas ainda assim nosso avanço era digno de tartaruga-manca. O Ângelo subiu numa arvore p/ nos localizarmos e traçar uma estratégia + adequada (menos cansativa), e daí descemos a crista pra seguir por um vale perpendicular ao Tucum, q de fato era menos repleto de obstáculos. Chegamos,
enfim, ao q parecia ser a base do Tucum e, desimpedidamente, fomos subindo pela densa mata, apenas contornando as arvores. Porem, a medida q íamos ganhando altura, a mata começou a ficar + espessa, principalmente de bambuzinhos, q requeriam esforço redobrado p/ serem derrubados. Ai q o Serjao tomou a dianteira p/ não sair de lá; um verdadeiro trator-humano indiferente a dois urubus q planavam sobre nós, quiçá torcendo p/ alguém despencar.
Em seguida, a ascensão foi ganhando declividade cada vez maior e quando nos demos conta, já estávamos escalaminhando através do mato na vertical, nos agarrando vigorosamente ao capim, pisando firme em raízes + confiáveis e passando ate por vários ninhos de aves. Este trecho foi a doideira + cansativa do dia, principalmente pra Rê. Assim q saímos no aberto, percebemos o qto já havíamos subido, deixando o vale la embaixo, mas ate então nada de interceptar a trilha avistada. E o jeito foi continuar escalando o mato da encosta da montanha lentamente, afinal, não havia opção. Soou como musica aos meus ouvidos quando ouvi, as 16hrs, o Ângelo gritar "Achei a trilha!" e uma felicidade indescritível tomou conta de todos, pois o perrengue havia chegado ao fim. Mas a subida não; ainda restava um trecho em zigue-zagues pela encosta rochosa através do capim ralo ate alcançar um primeiro platô q antecedia o cume final. Enquanto o povo seguia pro cume, larguei minha mochila (q já carregava 2 barracas, água de sobra e material avulso) e retornei p/ pegar a da Rê, q penava p/ subir o ultimo trecho, mas q não se entregou à exaustão! Desta forma, as 17hrs chegamos aos 1793m do Tucum, no momento em q todos armavam a barraca na ampla clareira, bem protegida de matacões de caratuvas e q comportou folgadamente td mundo! Do lado, uma pedra comportava a cx c/ seu habitual livro de cume, q alguns fizeram questão de tb assinar. Logo apareceu outro simpático casal q vinha do Ciririca e q viera pela trilha q não achamos, e pelo q nos informaram ela estava realmente naquele primeiro trecho q havíamos procurado, só não buscamos o suficiente. De qq maneira havíamos chegado lá, e por uma "nova via" (com certeza, inédita!), enaltecendo ainda + o nosso feitio c/ justo mérito! Como diz um certo anão belga: "Retroceder nunca, render-se jamais!". O resto de tempo de luz q dispúnhamos foi devidamente ocupado descansando ou apreciando mais um belo crepúsculo com direito a panorâmica da região, q nos afastava cada vez mais do PP, mas nos aproximava mais dos rincões da Represa de Capivari. A esta altura o trator Serjao capotou na sua barraca, enquanto o resto procurava fazer o mesmo ou já adiantava sua janta, desta vez comunitária. Eu tb estava exausto e deitei antes disso, mas pude ouvir q a rodinha la fora foi bem animada e durou ate umas 20hrs. À noite ventou razoavelmente e o céu outra vez se coalhou de estrelas num espetáculo de
beleza singular, contrastando c/ a artificialidade das luzes cintilantes à sudoeste, de Curitiba.

DO CAMAPUAN ATE A FAZENDA DO BOLINHA

Amanheceu tal qual os dias anteriores, ou seja, de forma espetacular. Levantamos as 6 apenas p/ clicar nossa ultima alvorada nas montanhas. Desta vez o vento havia dispersado o tapetão de nuvens à leste, permitindo vislumbrar perfeitamente os contornos da Baia de Paranaguá e o litoral em td sua extensão, assim como Morretes, a Estrada da Graciosa, o Conjunto Marumbi e o Agudo de Cotia. Tomamos café (e cantamos os parabéns ao Serjão, q aniversariava naquele dia, nas alturas, literalmente!) e arrumamos as coisas, e foi aí q começou a comedia de erros do dia: como não faltava quase nada p/ terminar a travessia e, em tese, o caminho era simples, o Zé Carlos, Alessandro e Serjao quiseram ir na frente afim de chegar na fazenda do Bolinha e já nos aguardar c/ os veículos p/ zarpar p/ Sampa. Beleza, não vi problema nenhum nisso. Eles pareciam confiantes e resolutos, dei as orientações de como descer a montanha e chegar na fazenda, embora o ideal fosse irmos todos juntos. Assim q o trio foi embora, apressamos a arrumada das mochilas enquanto Paulinho esvaziava pacientemente os (pesados) colchões infláveis q serviram bem em todos os pernoites p/ Rê e a Glau. Pois bem, deixamos o topo do Tucum as 8:30, e a trilha passou a descer sua encosta oeste através do capim ralo ate alcançar rapidamente o selado de ligação c/ o Camapuã, a montanha seguinte. Ignoramos uma picada q sai da trilha principal (à direita e leva a uma água) e subimos desimpedidamente as encostas de capim ate q, as 9:30, atingimos o amplo e largo topo dos 1713m do Camapuã. Muito capim e nenhum caratuva, algum lixo e pedras enorme isoladas marcam o centro deste topo, onde batemos as ultimas fotos e nos despedimos do PP e das demais montanhas q nos acompanharam durante aqueles agradáveis dias. Ventava razoavelmente, obrigando as meninas a vestir seus anorakes. A Myrna q o diga. Eu e o Paulinho ficamos de bermudão mesmo. À noroeste do Camapuã, ou seja, continuando pela crista, uma discreta picada desce ate o Camacuãm, outra montanha menor repleta de pinus. Não é por ai q temos q descer! Do cume do Camapuã, uma trilha obvia sai (do lado das únicas pedras gdes q há) p/ esquerda e desce a encosta de capim, se alternando com largas lajotas de pedra onde perdemos altitude rapidamente, sentido sudoeste. Não tem segredo. Após um descanso (e lanche básico) numa bem-vinda lajota, adentramos de vez na mata fechada, descendo cuidadosamente a trilha e levando alguns capotes no chão forrado de folhas úmidas e, portanto, escorregadias. Sem contar no básico ato de desviar de obstáculos, tais como troncos caídos, ou encarar uma sutil "desescalaminhada". No entanto, a descida foi + tranqüila; também, depois do perrengue do dia anterior, qq coisa era fichinha! As 11:30 chegamos na bifurcação q leva ao Ciririca, marcada com fitas laranjas (esquerda), mas nos vamos p/ direita, lógico! A medida q se desce em meio à densa mata fechada, passamos por vários pontos d´agua, ate q a trilha passa a acompanhar, ora de um lado ora de outro, o Rio Samambaia. Cruzamos o mesmo rio cautelosamente (limo!) umas 4 vezes, p/ depois seguir de vez pela sua margem esquerda, cada vez nos distanciando mais dele. Em pouco tempo a mata cede lugar a um gramado onde vaquinhas se assustam com nossa chegada, sinal q já estávamos nos limites da Fazenda do Bolinha, quase as 13:30! Diferentemente do Dílson, esta fazenda é + simples e humilde. Até demais. Vacas, galinhas, cães e td sorte de bichos circulam livremente próximo de uma casa de madeira, onde uma senhora nos diz q Bolinha não é o proprietário, e sim uma finada cadelinha dali. No entanto, há algum espaço p/ deixar alguns veículos estacionados, mas c/ o risco de um boi vir coçar o chifre na lataria ou galinhas carimbarem seu capô, claro! Pois bem, e agora? Como o trio não estava lá nos aguardando deduzimos q estavam a caminho do Dílson, ate pq ligamos pro dito cujo q nos informou q os carros ainda estavam lá. Daí resolvemos caminhar pela estrada de terra ate o asfalto, pois uma hora eles viriam nos buscar.

AGUARDANDO O RESGATE DOS TRÊS PERDIDOS NO MATO
Estávamos cansados, claro, mas mesmo assim serpenteamos tranqüilamente os quase 6km de estrada (das Samabaias), passando por chácaras e sítios, ate alcançar o asfalto, as 15:30hrs. Foi ai q uma picape do Corpo de Bombeiros passou pela gente e parou: "Vcs estavam com 3 paulistas no Tucum?", perguntou um dos parrudos bombeiros. Respondi q sim, e q íamos encontrá-los no Dílson. "Acho q não, pq eles estão perdidos em algum lugar perto do Camapuã e estamos indo buscá-los!" retrucou o vermelhinho, p/ nosso espanto geral. "Puta merda! Era o q faltava!", foi o singelo pensamento q me veio à mente. Os caras nos disseram p/ irmos buscar os veículos e aguardar no Bolinha. Q beleza! Daí fomos pro posto Shell ao lado da tal estrada (km 51), onde alem de comer
algo decidimos como buscar os veículos, já q o Dílson não conseguia arrumar ninguém p/ isso pq sua fazenda tava movimentada d+. Cogitamos um de nos ir a pé, ou até pegar um táxi, mas felizmente o Dílson conseguiu q uns moleques q voltavam de bus viessem da fazenda dele e aproveitassem a volta p/ trazer o veículo. Ainda bem, só torcemos p/ q viessem mesmo e não se mandassem prum bailão qualquer. Assim q chegaram, fomos então p/ o Dílson buscar o outro carro, alem das meninas insistirem em tomar um rápido banho! Já tava escurecendo e ficamos preocupados pelo trio, torcendo p/ serem logo resgatados. Voltamos então pra fazenda do Bolinha, onde a picape dos bombeiros continuava estacionada, sinal q ainda não haviam sido encontrados. "Esta noite vai ser longa", pensei. Foi ai q ficamos preocupados mesmo, tanto pelos meninos como pela possibilidade de alguma noticia vazar e chegar a Sampa, deixando em pânico os familiares. Bem, na pior das hipóteses os meninos têm barraca e pernoitariam no mato, só q sem água, ate serem resgatados. Essa e outras mil hipóteses passaram pela nossa cabeça naquela hora, e quando nos aprontávamos p/ dormir nos veículos, eis q do mato vem surgindo luzinhas de headlamps mais próximas! Eram eles, atrás de um lustroso lavrador preto q os guiava! Cacete, ainda bem! Estavam inteiros, molhados de suor e visivelmente abatidos. Os bombeiros deram um sutil sermão ("Nunca o grupo deve se separar!", falou o major Prestes) p/ td mundo. E foi ai q as meninas, em assanhado momento "Luma de Oliveira", lamentaram amargamente não terem sido resgatadas do meio do mato pelos quatro másculos rapazes do "Grupo de Operações de Socorro Tático" dos bombeiros. Após agradecer a prestatividade deles, pegamos os carros p/ volta p/ Sampa. Como eu estava com o Trio Perdido, pude saber melhor o q se passara, alem do "Lion Man" literalmente desmaiar no meu colo, numa cena meio constrangedora. Pra mim, claro! Contaram q seguiram direto pelo Camapuã e não atentaram à trilha da esquerda. Seguiram direto ate o Camacuam, passaram por florestas, vararam mato e somente as 11hrs deram-se conta q estavam perdidos. Ligaram p/ resgate e la aguardaram ate as 15hrs sob forte sol o contato dos mesmos, q buscavam voluntários disponíveis p/ a operação! Daí decidiram voltar ao topo do Camapuã, onde encontrariam o resgate. No entanto, o q se passou ainda há de ser contado pelos próprios, ate pq prometeram um relato de agradecimento ao major q será enviado ao comando paranaense, afim de divulgar o ótimo serviço prestado pelos mesmos e tentar melhorar as precárias condições em q trabalham. Enfim, deu td certo e isso q importa. No trajeto, ainda paramos num posto Graal p/ comer algo e pegar um transito infernal em plena madrugada na Régis! Chegamos em casa somente depois das 3 da madrugada, doidos por uma ducha. Afinal, 4 dias sem água não é p/ qq um.

E é isso. Mesmo com perrengues e imprevistos, q são algo inerente à presepadas no meio do mato, a Cadeia do Ibitiraquire continua sendo um enorme parque de diversões tão cheio de opções quanto a Mantiqueira e a Serra dos Órgãos, e q ainda tem muito mais a oferecer. Basta ter criatividade, inclusive. Como já foi uma das 3 grandes travessias; q venham agora as outras duas. E p/ quem limitava a região apenas ao prosaico e ilustre PP, q reveja seus conceitos pq tem ainda o Ciririca, Ferraria, Morro 7, Farinha Seca, Araçatuba, Capivari, Agudo de Cotia, Mte Crista...

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