Época: 19 a 21/4
Grupo: Ronald, Gibson, Valéria, Anderson, Bob , Paula e Renata
Tendo percorrido a porção sul e oeste da região no feriado passado, tive vontade de voltar a trilhar a serra do Papagaio que delimita a borda norte da região e daí descer pelas cristas ao sul até a cidade de Alagoa. Neste último feriado partimos então para essa caminhada.
Saímos em dois carros: Anderson, Bob , Paula e Renata no carro do Anderson; e eu, Gibson e Valéria no meu. O Grupo do Anderson resolveu sair mais cedo, pelas 5:00, mas achei muito cedo e resolvi sair às 7:00, confiante de que chegaríamos em Aiuruoca pelas 12:00, ainda cedo o bastante para subir o pico do Papagaio, onde acamparíamos a primeira noite. Combinamos encontrar-nos na praça de Aiuruoca às 11:00. A viagem seguiu sem contratempos e nós chegamos à pracinha pelas 11:35, mas cadê o outro carro? Nada do outro grupo. Ficamos esperando por eles até às 13:00, inicialmente achando que ele cansando de esperar-nos tinham ido dar uma volta pela cidade, depois preocupados que não tivessem chegado devido a alguma avaria ou acidente. Às 13:00 resolvemos seguir sozinhos, do contrário a nossa viagem acabaria prejudicada também.
1ª dia - Subindo o pico do Papagaio
Seguimos então pela estrada para Alagoa, 6 km ao sul, numa bifurcação, pegamos a direita, rumo ao vale do Matutu, antigamente havia muitas placas nessa bifurcação, mas elas forma retiradas, restando apenas uma a esquerda. Subindo por 1 km chegamos ao alto avistando a pedra à frente, tomamos uma saída à direita, com pequena placa “pousada do Batuque”, descendo até o fundo. A pousada era a primeira casa À esquerda, com ampla área cercada à frente servindo de estacionamento. A pousada está fechada, coisa que eu desconhecia, já que não ia lá há 2 anos, mesmo assim abri a porteira e estacionei o carro dentro. Depois de ter verificado que a casa estava desocupada (pretendia pedir permissão para deixar o carro lá), iniciamos a caminhada às 13:30, momento em que uns pingos agourentamente anunciavam chuva, a qual logo parou. O topo da pedra já estava coberto de nuvens, ao contrário de quando chegamos à cidade quando havia até um pouco de sol. Saímos pela porteira e seguindo pela estradinha na direção da pedra, logo a frente pegamos o ramo esquerdo, subindo para uma casa, junto a qual havia uma carro parado. Eu não me lembrava qual era o carro do Anderson e então não tive certeza se era o dele, de qualquer forma passamos por duas porteiras, junto a casa, cruzando um curral e passamos a subir a encosta de pasto para a direita, valendo-nos dos sulcos existentes. Quando uma trilha se apagava, procurávamos outra mais pisada na encosta acima. Logo nos víamos numa crista e continuamos subindo passando pelas ruínas de um casebre à direita e atingindo uma cerca. Passada esta cerca a trilha sobe mais um pouco, mais a frente começa a se desviar do pico e acaba numa casa, um pouco antes da casa uma outra trilha sai à direita e para trás. Subindo por ela prosseguimos por uma encosta de pasto até alcançar outra crista. Nessa crista o mato está mais crescido quase cobrindo a trilha. Seguindo em frente, logo entramos na mata e seguimos por ela alguns minutos até encontrar uma bifurcação. Nela paramos para descansar alguns minutos.
Tomando então à esquerda na bifurcação em 2 ou 3 minutos chegamos a outra bifurcação, nesta tomamos a direita, subindo. A subida se torna mais íngreme através de pasto alto, no rumo da base do paredão que constitui a base do pico. Quando aproximamos-nos do paredão, a trilha entra na mata e passa a bordejá-lo para a esquerda. Nessa altura ouvindo algumas vozes, mas ainda não conseguíamos ter certeza de quem eram. A subida prosseguia mais suave por dentro da mata, eventualmente passando alguns degraus rochosos ou por baixo de bambuzinhos que se enroscavam nas mochilas, até que avistamos a Renata. Na verdade ainda não a conhecíamos e tivemos de perguntar: “você que é a Renata?“. A resposta positiva mostrou-nos que o outro grupo ao invés de nos esperar na praça como o combinado tinha se adiantado e entrado na trilha sem nos esperar. Passei pela Renata e segui subindo, logo encontrando os demais. Junto com eles iam 2 cães da casa junto ao qual eles tinha deixado o carro, os quais nos acompanharam por toda travessia. Esperamos os outros chegarem e a partir daí seguimos juntos o resto da travessia. Logo a frente cruzamos um riacho, onde uma escorregadia pinguela foi evitada, descendo por trilho à esquerda e cruzando-se o leito de pedra em pedra. Subindo do outro lado, a trilha passa a acompanhar o riacho pela margem direita. Mais alguns minutos e numa entrada à direita temos acesso ao riacho num local onde as rochas do outro lado do riacho formam uma grutinha, paramos então para encher os cantis.
Seguimos então subindo e logo a trilha se afasta do riacho e passa por trechos encharcados no aberto e depois por curto trecho de mata emergindo num grande descampado ornado por grandes cupinzeiros. Pausa para fotos. Seguindo então pela orla da mata para a direita, logo encontrando a trilha entrando na matinha. Seguimos por ela, sempre subindo, agora a pedra ficou a nossas costas, estamos descrevendo uma espiral, subindo por um crista que nos leva a crista da serra do Papagaio, à esquerda da pedra. A trilha continua pela mata, passando por pequenas clareiras, que nos dão visão primeiro do vale do Matutu, com a cachoeira do fundão na sua cabeça e outra cachoeirinha menor caindo de uma crista próxima e depois da própria crista do Papagaio com suas 3 corcovas.
Já eram 17:00 quando emergimos num descampado já na crista e paramos para descansar um pouco. O avançado da hora bem como a nebulosidade do céu contribuíam para a chegada iminente da escuridão, seguimos então por trilha para direita, pela crista, no rumo do pico do Papagaio. A trilha passa por descampados e depois mergulha na mata, contornando as primeiras corcovas da serra, num ponto a direita, uma nascente servirá para enchermos os cantis no dia seguinte. Dentro da mata a escuridão já é quase total. Saímos da mata para subir um último trecho de degraus rochosos, cruzado por fios d’água, atingindo um ombro rochoso de onde normalmente se avista todo vale do Matutu, mas as nuvens tinham coberto tudo. Mais 5 minutos de novo pela mata nos levam ao topo do pico, já em plena noite.
No topo do pico a vegetação tinha engrossado desde 2 anos atrás, limitando os pontos de acampamento. Tivemos um pouco de trabalho para encontrar espaço para as 5 barracas. O Anderson, Renata e Valéria chegaram já a luz de lanternas.
Juntamo-nos para o jantar e enquanto cozinhávamos podíamos observar as luzinhas de Aiuruoca, bem como de mais algumas cidades lá embaixo. No céu, uma lua cheia, mesmo entre nuvens iluminava bastante o acampamento. Após termos comido e cada um ter dardo um bocado também para os cachorros, com a temperatura caindo, mergulhamos em nossos sacos de dormir. Fiquei com dó do cachorro menor que tremia na porta da minha barraca e o pus para dentro onde ele dormiu tranqüilo aos meus pés durante toda noite.
2 ª dia – Pela crista do Papagaio e Além
Acordei as 6:00 com o despertador do Gibson, porém o dono nem se mexeu. Olhei para fora da barraca apenas para constatar que estávamos cercados pelas nuvens. Voltei a deitar novamente já que não havia visual nenhum. Uma meia hora depois, com fome, resolvi preparar o café da manhã. Pouco a pouco os demais foram acordando e levantando-se. Do café tivemos que separar alguma coisa para os cachorros, o maior não tinha sossego, estava o tempo todo correndo de cá para lá e saltando e isso apesar de ter dormido ao relento, ninguém teve coragem de abrigá-lo.
Tomado o café e arrumadas as coisas, saímos do pico pelas 8:30, voltando pelo mesmo caminho até a nascente. Enchidos os cantis seguimos até o descampado onde tínhamos chegado no dia anterior, mas ao invés de descer para esquerda, de onde tínhamos vindo no outro dia, seguimos em frente, atravessando um platô de vegetação rasteira até cruzarmos um cinturão de mata e continuarmos subindo pelo aberto contornando um cocuruto à esquerda. Voltando a crista avistamos o pico do Tamanduá à direita, coroado de grandes matacões. Seguindo pelo pasto pela esquerda, logo descemos um pouco, avistando um murinho de pedras. Seguindo pela esquerda do muro, logo chegamos a lajes rochosas que subimos em aderência para a direita. Continuando pela crista, descemos primeiro pelas lajes e depois por trilha em direção a um selado mais abaixo, cruzando estreito cinturão de mata. Subimos novamente em aderência as lajes do próximo morro, seguindo pela crista de pasto ralo. Após cruzarmos mais um cinturão de mata e logo descemos para o retiro dos Pedros, amplo platô no alto da serra. Daí poderíamos ter subido o pico da Bandeira, ponto culminante da região e seguido pela crista a oeste, mas as nuvens cobrindo seu topo tiraram todo o belíssimo visual, para poupar esforço, prosseguimos então pela baixada.
No retiro paramos para o lanche. Já era quase 12:00. Seguimos então no rumo de um curralzinho de pedra, à esquerda de um começo de estradinha. Descemos então pela esquerda até um riacho onde paramos para lavar as panelas e encher os cantis. Passado o riacho e um muro de pedras, tomamos à esquerda por uma trilha óbvia, subindo em direção a um cocuruto rochoso ao sul, nesse momento as nuvens abriram-se bastante permitindo que visualizássemos toda crista ao sul, por onde seguiríamos, bem como a cachoeira do André e parte do vale do Rio Santo Agostinho. Seguindo pela crista para a direita, logo descemos a um campinho cercado de mata por 3 lados, onde encontramos uma trilha meio fechada no lado sul que descia por dentro da mata até cairmos numa trilha mais aberta que seguia na direção norte-sul. Tomando essa trilha para a esquerda, logo esbarramos numa bifurcação, tomando a esquerda,. descemos então por um longo trecho de mata até um grande descampado.
Atravessando esse descampado esbarramos em novo cinturão de mata guarnecido de uma cerca à esquerda, seguindo por uma trilha à direita, contornamos essa cerca e em minutos emergimos em novo descampado. Seguindo para o sul logo encontramos um esparso capão de mata que contornamos pela direita. Daí, por sugestão do Anderson andamos para direita até a borda onde uma bonita visão descortinava-se, Com a cachoeira do André à esquerda, a parte baixa do seu vale a direita, mais ao fundo o topo da cachoeira do Juju e o morro do Chapéu. Ao fundo, a esquerda, parcialmente enevoado,o pico do Garrafão. Paramos as 14:30 para mais um lanche.
Voltando ao rumo original, encontrando ao sul mais uma mata. Descendo para esquerda, junto a ela, encontramos uma trilha que rapidamente desce a outro descampado mais abaixo. Quando saímos da mata seguimos por um campo ornado de flores. A trilha logo se converte em duplo trilho. Esse trecho é controlado pela comunidade do Santo Daime que mora no vale do Matutu, portanto não convém se demorar nesse trecho. Outros grupos quando passaram por aqui às vezes foram compelidos a descer ao vale por homens armados. Dessa vez não vimos ninguém. Antigamente havia um refúgio do pessoal do Daime, mas o mesmo foi totalmente demolido. Na extrema direita há um totem de pedra, único marca do uso religioso do local. O duplo trilho se converte em estradinha e antes que ela desça a uma baixada e cruze um riacho, abandonamo-la e seguimos pelo pasto no rumo sul. Alguns sulcos seguem nessa direção e logo eles se convertem numa trilha batida, vestígio de uma antiga estradinha abandonada. A estradinha entra na mata e mais a frente cruza um riacho. Nesse ponto paramos para pegar água. Era o último ponto para pegar água do dia.
Seguimos então pela trilha no rumo sul, por 3 subidas e 2 descidas. Nos trechos altos podíamos ver toda a crista da serra do Papagaio ao fundo, mostrando o quanto já tínhamos andado naquele dia. No alto da terceira subida, encontra-se uma porteira de arame à esquerda, dessa vez estava aberta. Também se enxerga a cachoeira do Fundão à esquerda, sinal que ainda não tínhamos deixado o vale do Matutu para trás. Daí a estradinha segue por mais 8 minutos no rumo sul, com um curto desvio para o oeste. Depois de 8 minutos, quando a estrada vira de vez para oeste. Subimos uma encosta de pasto, sem trilha, a esquerda, até o alto, onde, na orla da mata, encontramos uma trilha bem aberta, é esse o caminho.
Seguindo por essa trilha, descemos um pouco pela mata, até sair no aberto. Daí subimos pelo pasto e passamos a bordeja pela direita uma crista, até entrar na mata novamente, apenas para sair novamente no aberto mais a frente e seguir bordejando uma encosta, num trecho onde a trilha está mais fechada. Entramos de novo na mata para em 5 minutos emergimos num campinho plano e gramado muito bom para acampar, embora sem visual. Eram quase 17:45 e já começava a escurecer, resolvemos acampar ali mesmo. O local comportaria dezenas de barracas facilmente. Armamos as barracas e enquanto esperava os demais para jantarmos juntos começou uma chuva que não parou mais durante toda noite. A chuva atrapalhou o jantar. Acabei não acendendo o fogareiro e mastigando uns sanduíches. Os demais também acabaram se arranjando com o que tinha sem se arriscar a acender os fogareiros dentro das barracas. De qualquer forma a noite transcorreu tranqüila, sem que entrasse muita água na minha barraca, nem que fizesse muito frio. Dormi tranqüilamente ao som da chuva tamborilando no sobreteto. O cachorro pequeno dormiu aos meus pés novamente. O grande ficou na chuva.
3ª dia – Descendo para Alagoa
Acordei às 6:00 e pouco, ainda com a chuva caindo, mas às 7:00 a chuva tinha parado e pude fazer o café na porta da barraca. As nuvens baixas cobriam todo o horizonte a sul e oeste onde podíamos enxergar mais longe, dos outros lados a mata próxima cortava qualquer visão. Enquanto os outros tomavam café e arrumávamos as coisas as nuvens forma abrindo permitindo alguma visão. Pudemos então identificar um rabo de trilha saindo na diagonal para direita, desviando de uma baixada ao sul. Às 8:30 já estávamos pronto para sair, tomando a trilha, subimos suavemente, logo cortamos um estreito cinturão de mata e após ele, quando a trilha virava para leste e depois nordeste, abandonamos a trilha e subimos o pasto para o sul, sem trilha. No alto encontramos outra trilha que seguimos. Nesse trecho plano também há muito espaço para acampar com visual de quase 360 graus. Contornado um morrinho pela esquerda, descemos até uma vala que cruzamos e passamos a seguir pelo lado esquerdo. Mais a frente num ponto onde pode-se cruzar a vala novamente perdemos um bom tempo passando para o outro lado e seguindo bordejando para leste até chegarmos num baixada com um riacho, caminho errado. Tivemos de voltar tudo de novo até a vala.
Seguimos então pela esquerda da vala. No horizonte à esquerda avista-se um morro piramidal. Seguimos bordejando a encosta à direita quando a vala se afastou para a direita. Descrevemos então uma ampla curva em nível. No ponto mais ao sul dessa curva, pudemos avistar o vale onde está Alagoa, ainda parcialmente envolto em nuvens. Mais à frente avistamos uma trilha mais abaixo, na orla da mata, mas seguimos mais a cima mantendo o nível, até que nos aproximamos de um selado florestado e quando a trilha onde estávamos sumiu, descemos pela encosta até a orla da mata,onde pegamos a outra trilha, bem marcada, para a direita. Num instante entramos na mata e passamos a descer forte.
A descida estava bem enlameada e muito escorregadia, mas em 20 minutos e alguns tombos depois emergimos no aberto, com ampla vista do vale abaixo. Avista-se logo abaixo um casebre junto a uma lagoa. Descemos então até ele pelo aberto num trecho ainda bastante escorregadio. A meio caminho, num riacho alguns pegaram água. Passado o casebre, continuamos descendo por um trilha que entra na mata e logo sai num alto com nova visão da baixada e de outra casa com curral à esquerda. Descemos então até lá e passamos por dentro do curral, dessa vez sem vacas. Prosseguindo a descida, passamos por outra mata e cruzamos um riacho por uma pequena pinguela. Voltando a descer pelo aberto, a trilha converte-se em estradinha e após mais uma casa à esquerda, chegamos ao fundo do vale e a um rio cruzado por uma ponte de concreto. Junto à ponte paramos para descansar e o Gibson até tomou um banho no rio.
Seguindo então pela estradinha e em mais 30 minutos chegamos as primeiras casa de Alagoa e a igrejinha dedicada a Nhá Chica. A pracinha em frente já foi mais arrumada, mas agora estava bem estragada, parece que começaram uma reforma e não acabaram. Seguimos então em direção ao centro da cidade, já observando as kombis estacionadas e perguntando se os donos não se disporiam a nos levar de voltar ao Batuque. Encontramos um motorista de um caminhão caçamba que se dispôs a levar-nos. Acertamos o transporte por R$ 140,00 e lá fomos nós e os cachorros, sacolejando na caçamba do caminhão por uma hora e meia. Esse passeio de caminhão foi um pouco doído, mas enfim estávamos de volta aos carros, ainda a tempo de pararmos no restaurante Kiko e Kika, 4 km na direção de Aiuruoca, para umas trutas assadas e boêmias geladas.
Já eram mais de 17:30 quando enfim partimos de volta a São Paulo, com uma parada no Graal em Guará para um café. As 22:30 já estava em casa depois de deixar o Gibson no metrô Belém.
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